A temporada 2015/2016 da NBA arranca oficialmente na próxima terça-feira, dia 27 de Outubro, e nós mostramos-lhe tudo o que precisa de saber sobre a nova época da liga mais espectacular do Mundo. O primeiro da série de 6 artigos é referente à Divisão Atlântica, cujo vencedor está praticamente anunciado e 3 franchises lutam pelo último lugar da Conferência Este.
Há dois anos e uns meses atrás, faziam parte deste plantel Paul Pierce, Kevin Garnett e Rajon Rondo, o treinador era Doc Rivers e os Celtics tinham acabado de ser eliminados pelos New York Knicks de Mike Woodson na primeira ronda da post season. Estamos para iniciar o 3º ano pós desmembramento total do que restava do Campeão de 2008 e finalista vencido em 2010. O facto de passado tão pouco tempo estarem à procura da segunda presença consecutiva no playoff deve-se ao sensacional trabalho conjunto entre o front office liderado por Danny Ainge e a equipa técnica de Brad Stevens. O plantel que conseguiram juntar para 2014/2015 é qualquer coisa de extraordinário. Não pela qualidade individual de X ou Y, mas pela quantidade de soluções distintas disponiveis e pela profundidade do banco. Um plantel sem uma super-estrela porém, tem à volta de 12 elementos capazes de produzir num significativo número de minutos. Normalmente, este tipo de equipas só se mantem coesa quando há uma entreajuda e uma harmonia sem igual. O individualismo tem de ser controlado para um mínimo porque ninguém tem capacidade para resolver jogos por si só. Os dados do pós-troca de Isaiah Thomas mostram que Brad Stevens é o homem certo para trabalhar um plantel com estas características. Nas últimas 31 partidas da regular season, já com Thomas, os Celtics terminaram 20-11 (4º melhor record da NBA nesse período) e com o 3º melhor rácio entre assistências e turnovers. Com 1,89 Ast/TO ficaram por exemplo à frente dos Spurs, sendo que apenas os Warriors e os Clippers foram melhores a tratar da bola como equipa. Outra característica que este plantel pode melhorar ainda mais com o aumentar de soluções é o elevado ritmo de jogo. Terminaram a temporada com o 5º mais alto e ainda foram quem mais lançou ao cesto (88 p/ partida). Como é óbvio, quanto mais alto for o ritmo, mais se desgata o adversário para acompanhar a velocidade das transições, reduz-se o descernimento e a capacidade de tomada de decisão num curto espaço de tempo, que é precisamente o ponto em que Boston está melhor preparada. Claro que tem que existir qualidade individual nos jogadores e foi por isso que Danny Ainge trocou o encostado Gerald Wallace por David Lee e trouxe Amir Johnson para colmatar a saída de Brandon Bass. Os que entraram são capazes de dar muito mais ao jogo nesta altura da carreira do que os que saíram. Devem ter ainda atenção aos rookies Terry Rozier (PG) e RJ Hunter (SG), ambos escolhidos na primeira ronda do draft deste veão, nas 16ª e 28ª posição respectivamente. Rozier admito que não vi muitos jogos, mas sei que liderou a sua Universidade em pontos e assistências. RJ Hunter segui mais de perto por ser o típico “jogador estilo filme”, que carregou a sua escola às costas com excelentes números, ganhou todos os prémios locais existentes, levou-os ao Campeonato Nacional Universitário e o treinador da sua equipa é o pai. Tudo isto para concluir que a estratégia de acumular escolhas de draft, por parte do GM Danny Ainge, está agora a começar a dar frutos, se juntarmos a estes nomes, Marcus Smart, James Young e Jordan Mickey.
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Ainge e Stevens, os obreiros do rebuild – CelticsBrasil.com.br |
Antes de ficarem escandalizados por ter recambiado os Nets para o fundo da tabela, façam este raciocínio. Brooklyn terminou a temporada anterior no 8º lugar da Conferência, batendo os Pacers in extremis pelo último lugar de acesso à post season. Tiveram um record de 38-44 e perderam dois titulares, Deron Williams e Mason Plumlee. Quem vai ocupar estas vagas deixadas na rotação? Comecemos pelo novo base titular a tempo inteiro, Jarret Jack. Apesar de ser reconhecido pela sua habilidade de marcador de pontos tem uma selecção de lançamento paupérrima, ou por lançar de 2 pontos a 30 centímetros da linha de triplo, ou por lançar com 18 segundos ainda por jogar na posse de bola, com um adversário pendurado nele. Na sua primeira temporada em Brooklyn, conseguiu a proeza de piorar a sua equipa em 7 pontos por 100 posses de bola, ofensivamente, em comparação com quando estava no banco. Para terem uma melhor ideia do que isto significa, sem Jack, os Nets seriam o 8º melhor ataque da NBA, enquanto que com ele no court, o 28º. Ponto seguinte, a defesa, Kevin Garnett, que voltou para Minneapolis ainda durante a época anterior, e Mason Plumlee foram os dois melhores (e só foram melhores mesmo comparando com os colegas). Os Nets iniciam 2015/2016 sem ambos. Entraram Thomas Robinson e Andrea Bargnani, para disputar os minutos nas posições interiores com Brook Lopez e Thaddeus Young. Evitando falar na possibilidade quase utópica de voltarem ao playoff este ano, será preciso que estes Bigs tenham muito poucas lesões e produzam ofensivamente a um nível bem acima do razoável para que os Nets fujam dos últimos lugares do Este. Até há uma série de bons atiradores no plantel, Wayne Ellington, Joe Johnson, Bogan Bogdanovic, mas na NBA actual isto já não é factor de diferenciação. Estamos numa liga onde são lançados 45 triplos por partida e este número só tem tendência a aumentar. Os problemas de Brooklyn são ao nível defensivo, vão com grande probabilidade terminar nas últimas 5 posições neste capítulo, e no ataque dependem demasiado das individualidades, que estão em decandência. Joe Johnson vai fazer 34 anos e tem a garantida de receber 25 milhões de dólares em salários esta época. Como é que alguém que passa grande parte dos jogos em esforço mínimo e olha à sua volta e vê Paul Pierce, Kevin Garnett ou Deron Williams a sair e não entra ninguém de um nível próximo, vai arranjar forças para se entregar e lutar para que as coisas melhorem? O Este é muito enganador, 46-48% de vitórias dão quase a garantia de acesso ao playoff e, sendo Brook Lopez a grande e única arma do franchise para a temporada, só pode vir um grande rombo a caminho.
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Vem aí um ano muito complicado para BKN – NewYorker.com |
Os New York Knicks, um franchise com grande possibilidade de terminar em 3º na sua Divisão e nas últimas 5 posições do Este. Antes de desatar a nomear as debilidades do plantel, há que elogiar o brilhante trabalho de Phil Jackson como President of Basketball Operations. Ok, brilhante é um pouco exagerado todavia, não podemos negar que ele não tem feito tudo ao seu alcance para gerir uma reconstrução de um plantel em fanicos mostrando aos fanáticos nova iorquinos que há um plano a curto-prazo, simultaneamente. Dificilmente podiam ter escolhido melhor no draft. Apesar de terem terminado com o pior record da liga, tiveram o azar de descer até à 4ª posição no draft. Mesmo perdendo Towns/Okafor e necessitando de um Big mais que qualquer outra peça, foram buscar o letão Kristaps Porzingis (ex-Sevilha), o melhor disponível na sua posição e, como necessidade de quase tamanha importância, agarraram o base Jerian Grant em 19º, os Wizards não estavam muito interessados em manter a pick. Para já, José Calderón deverá ser o base titular mas, dentro de uns meses, os Knicks terão duas escolhas do draft no 5 inicial o que só revela que fizeram o trabalho de casa. Grant tem 23 anos e 4 de experiência do campeonato universitário norte-americano. Nas últimas duas temporadas fez quase 7 assistências por jogo com um Assist/Turnover ratio superior a 3, vai agarrar o lugar em pouco tempo. Continuando o bom trabalho de Phil Jackson, fez 3 contratações por um preço bem simpático: Arron Afflalo, Derrick Williams e Kyle O’quinn. Afflalo será titular indiscutível e tirará muita da pressão dos ombros de Carmelo Anthony (ambos serão playmakers e atiradores no Triângulo), os outros dois são boas adições a um banco que na época transacta foi inexistente. Pois é, vamos finalmente ter um ‘Melo sem limitações físicas a carregar o franchise às costas (inédito desde que Phil Jackson assumiu funções). De todas as equipas em processo de rebuilding na NBA, nenhuma tem uma superstar no seu prime com a experiência de Anthony. Depois de tantos elogios como é que os coloco tão baixo na tabela? Ainda não provaram nada. Derek Fisher ainda não mostrou que o Triângulo funciona, Carmelo Anthony ainda não tinha estado a 100% fisicamente, o plantel é jovem e ainda muito curto. Há um ano atrás estavam enfiados num enorme buraco, neste momento já têm cordas e capacetes para começarem a escalar. Ah, e porque foram a equipa da NBA que mais lançou de mid-range, 25,3% de todos os ataques acabaram entre a linha de 3 pontos e o garrafão!
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Como vai ser este ano, senhores? – ESPN.com |
Philadelphia 76ers – “It’s time to change the perception”
![](https://themeronicomplex.wordpress.com/wp-content/uploads/2015/10/3e1af-76erspartial.png?w=200&h=200)
Principais Saídas:
5 inicial previsível:
PG: Isaiah Canaan
SG: Nik Sauskas
SF: Robert Covington
PF: Jahill Okafor
C: Nerlens Noel
Previsão da classificação final na Conferência Este: 15º
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“Percebes alguma coisa do que te estou a explicar?” – ESPN.com |
Toronto Raptors – “Blessed with the most contaminated and intolerable division in the NBA”
Os Raptors deixarão de ter direito exclusivo ao 4º lugar do Este só por vencerem a Divisão Atlântica. Em 2015/2016 a regra muda e, como tal, Toronto terá que trabalhar no duro, principalmente na defesa para figurar entre os melhores da conferência. Quantos a mexidas no plantel, contrataram um dos free agents cuja cotação subiu mais durante a época anterior, DeMarre Carroll, um dos elementos fundamentais para que os Hawks tivessem sido uma das potências do Este. Carroll é um grande upgrade face a Terrence Ross, nesta altura das suas carreiras, porém, não resolverá só por si o grande problema dos Raptors nos últimos anos, a defesa. Apesar de terem triunfado na sua Divisão por dois anos consecutivos, não é demais verdade que chegados ao playoffs, não passaram da primeira ronda, tendo sido completamente humilhados, por 4-0, pelos Wizards na temporada que passou. De facto, DeMarre Carroll é um bom defensor, todavia é no back court e debaixo do cesto que os problemas são mais graves. Nem Kyle Lowry, nem DeMar DeRozan são grandes defensores, muito menos o é Jonas Valanciunas. Uma equipa que tem sido montada por Dwane Casey (treinador) e Masai Ujiri (GM) para competir pela Conferência Este e pelo título não pode continuar a ignorar o facto de que precisa urgentemente de peças no plantel de carácter defensivo. Os Raptors terminaram em 4º no Este com a 6ª pior defesa da NBA. Mesmo tendo tido uma abordagem simpática ao mercado de verão para substituir perdas importantes, como por exemplo, a chegada de Luis Scola para colmatar a saída de Amir Johnson ou a de Cory Joseph para ocupar a vaga deixada por Greivis Vasquez, haverá muitas novas rotinas na forma de jogar dos Raptors. Certamente repararam que o vencedor do prémio de 6th Man of the Year, Lou Williams, atravessou o país e foi aterrar em Los Angeles. Isto requer uma nova distribuição das tarefas e minutos vindos do banco já que Sweet Lou não só foi responsável por lançar quase 12 vezes por jogo como ainda marcou 15,5 pontos com 25,5 minutos de utilização por partida. Isto dá-lhe uma média de pontos por tempo de jogo superior à de DeRozan e de Lowry. Perspectiva-se muito small ball em Toronto este ano, com line ups que não andarão longe de Lowry, DeRozan, Ross, Carroll e Valanciunas. O posto lituano terá em Bismack Biyombo um suplente que, finalmente, tem todas as valências de um excelente defensor interior que os Raptors bem precisavam.
Principais Entradas: DeMarre Carroll, Cory Joseph, Bismack Biyombo e Luis Scola
Principais Saídas: Lou Williams, Amir Johnson e Greivis Vasquez
5 inicial previsível:
PG: Kyle Lowry
SG: DeMar DeRozan
SF: DeMarre Carroll
PF: Luis Scola
C: Jonas Valanciunas
Previsão da classificação final na Conferência Este: 6º
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Uma espécie de Big 4 – TheStar.com |